sábado, 25 de junho de 2011

Confira o teste do novo X3


A BMW resolveu os problemas da geração anterior e ainda encheu o modelo de eletrônica

 Fabio Aro
O X3 cresceu está mais bonito e ficou tão bom de dirigir que deixa a pergunta no ar: quem precisa de X5?
O motoboy toma um susto e olha com cara de interrogação quando abre o sinal e o X3 dá a partida sozinho. Sim, ele desligou o motor automaticamente enquanto estava parado no semáforo, para economizar combustível – é o sistema start-stop em ação. O recurso em si não chega a ser novidade, mas pela primeira vez no Brasil equipa um utilitário esportivo. Acha hipocrisia um jipão de 306 cv preocupado com o meio ambiente? Pode ser, mas isso mostra o quanto o X3 está diferente.

 Fabio Aro
Se você confundiu o novo X3 com o X5, não está sozinho. Porte e design também lembram muito a primeira geração do X5
Antes perdido entre o status do X5 e o fator novidade do X1, o X3 não era exatamente o BMW mais desejado. A nova geração reescreve a história. Design insosso? Suspensão muito dura? Direção lenta e pesada? Esqueça. Para começar, o irmão do meio encorpou. Com 4,65 m de comprimento por 1,88 m de largura, ele tem praticamente o mesmo porte da primeira geração do X5. E o teto ficou 1,3 cm mais baixo que no X3 anterior, para melhorar a dinâmica. Se você já gostou do carro nessas páginas, saiba que ao vivo é ainda melhor. Talvez só o X6 seja páreo para ele na família X, em termos estéticos.

O primeiro buraco do caminho já serve de parâmetro para a suspensão: a traseira está bem mais suave, embora a dianteira ainda dê algumas pancadas secas nos baques mais fortes. Não tem jeito, é o recado das grandes rodas aro 19 com os duros pneus Runflat (que podem rodar furados por até 80 km). Já a direção amoleceu com o sistema Dynamic Drive, que permite variar o comportamento do carro entre “Normal” e “Sport”, além do “Sport +” (com o controle de estabilidade desativado). Agora o volante só fica pesado se você quiser, acionando o modo esportivo. No normal, é quase tão leve quanto o de um Mercedes. Ótimo para manobrar, ajudado pela câmera traseira.

 Fabio Aro
O corpo crescido do X3 favoreceu o espaço e o porta-malas: folga garantida para passageiros e bagagem
Resolvidos os problemas, vamos às outras boas-novas do X3. O motor dessa versão 35i é conhecido – o soberbo seis cilindros 3.0 biturbo que não cansamos de elogiar. A novidade é que ele trocou de parceria. Sai a transmissão de seis marchas e entra uma mais moderna, de oito. A união, ao que parece, rendeu ótimos frutos. Não sei o que me impressionou mais nos testes: os 6,3 s de 0 a 100 km/h ou o conta-giros apontando somente 2.800 rpm a 160 km/h em oitava marcha.

É marcha demais? Na prática você nem sente, pois na hora do “vamos ver” ele usa mesmo as seis primeiras, deixando a sétima e a oitava para diminuir o ruído e melhorar o consumo em velocidade de cruzeiro. De fato, a 120 km/h na estrada não se ouve nada do motor (a 2.000 rpm) e o consumo chega a 10,4 km/l. Na cidade, com o start-stop, o X3 marcou 6,3 km/l. Nada mau para um utilitário de 1.805 kg e muita disposição para correr.

Quando digo disposição, não é exagero – e olha que não estamos falando de uma versão M (esportiva). Pegue os bons números de retomada para ter uma noção do que é dispor de 40,8 kgfm de torque, bem aproveitados por um câmbio de relações próximas como essa caixa de oito marchas. Exijo todos os 306 cv e assisto ao velocímetro passar dos 200 km/h com facilidade na pista de testes, ainda com espaço para frear numa boa (outra prova em que o modelo mostrou eficiência).

E tem ainda o comportamento esportivo. Com o setup do carro em “Sport +” (direção pesada, amortecedores firmes e câmbio e motor entregando o máximo), o X3 honra a marca. O câmbio ganhou borboletas “+” e “–” no volante (aprendeu, hein, BMW?), a direção tem boa sensibilidade, a carroceria inclina pouco e a tração integral ajuda a equilibrar as massas. Em outras palavras, o X3 se lança em trechos de serra como você não ousaria fazer com muitos sedãs. Só nos ligamos que estamos num utilitário quando a dianteira alarga a trajetória a velocidades pouco recomendáveis num carro desse tipo.

A tração integral xDrive também permite boa mobilidade quando o asfalto acaba, embora, sem reduzida, o X3 não seja afeito a aventuras radicais. De qualquer modo, a altura do solo foi ampliada, chegando a 21 cm, e há um controle de descidas que limita a velocidade em 8 km/h. Fora isso, nada na cabine nos re-mete a um 4x4. Você nem percebe o sistema de tração trabalhando.

 Fabio Aro
Sistema start-stop pode ser desativado ao lado da ignição. Teclas permitem alterar comportamento para esportivo
Lá dentro, o que interessa aos passageiros é o novo padrão de conforto. Pessoas altas não terão nenhum problema em qualquer um dos cinco lugares, enquanto o porta-malas aumentou para 550 l de capacidade. O acabamento está mais apurado, com materiais de melhor qualidade, e o desenho do painel ficou bem interessante. É tipicamente BMW, mas com um formato cockpit em que os principais comandos ficam ligeiramente voltados ao motorista. A tela de 8,8 polegadas concentra as informações do computador de bordo iDrive (com teclas de atalho no console) e traz GPS integrado, além de sintonizar TV. Coloque um CD para tocar e o sistema já pergunta se você quer gravá-lo no HD do carro. Só faltaram as telinhas para o banco de trás.

 Fabio Aro
Painel segue a linha BMW, mas dessa vez com a parte central ligeiramente voltada ao motorista
Por falar em faltas, o X3 bem que poderia destravar as portas sem o uso da chave, puxando-se a maçaneta. E a tampa do porta-malas poderia ter abertura/fechamento automático, pois ela é pesada. Por fim, a qualidade do plástico que reveste essa tampa não está à altura dos R$ 273.050 cobrados pela BMW no carro. De resto, é bom que o irmão maior X5 se cuide. Agora quem corre o risco de ficar perdido no meio dos utilitários da BMW é o próprio precursor da linha X.

 Fabio Aro
Normalmente, o sistema xDrive divide a força em 40/60 para dianteira e traseira, mas pode chegar a 100% atrás

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